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Por que nos comparamos tanto?

  • keniaresendepsi
  • 31 de mar.
  • 3 min de leitura

Alguns dirão que isso é efeito do nosso estilo de vida na atualidade com o uso intenso da internet e exposição nas redes sociais, além das pressões e expectativas sociais. Realmente, em parte, isso faz todo sentido. Porém, as comparações que fazemos entre nós e os outros também possuem outras funções.


Os seres humanos evoluíram e sobreviveram porque, em um dado momento, formaram grupos que permitiram a cooperação entre os seus membros. Quando estamos em grupos um dos nossos maiores desejos é de ser aceito, de fazer parte, ser apreciado e se sentir incluído. Diante disso, nos preocupamos com a forma como somos percebidos pelos outros. E então começamos a nos comparar.


A comparação é, em essência, um ranqueamento em que partimos de uma determinada característica e mensuramos onde estamos e onde o outro está ou onde estamos e onde deveríamos estar. A depender de como conduzimos esse processo, muito provavelmente, vamos nos deparar com um fosso de distância entre nós e o outro e é aqui que os problemas podem começar ou não.

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A depender do nosso temperamento, da personalidade, das experiências da vida e de outras variáveis, a comparação pode ter um efeito útil que é quando se apresenta de forma positiva. Por exemplo, ao me deparar com o trabalho feito por uma colega posso admirar esse trabalho, as suas habilidades, a sua trajetória profissional e empregar essa admiração como motor para aprimorar, lapidar e modificar as minhas habilidades. Compreenderam?! Sempre haverá alguém que faz algo melhor que a gente e isso não precisa ser um demérito para nós, mas pode ser convertido em inspiração e motivação.


Por outro lado, a comparação pode se apresentar de forma destrutiva especialmente quando ela vem permeada pela autocrítica. O exemplo permanece o mesmo, porém com um resultado totalmente diferente. Ao me deparar com o trabalho feito por uma colega posso estabelecer um fosso sombrio entre nós, posso pensar que não sou boa o suficiente, que nunca farei um trabalho tão bom quanto o dela, que não há chances para mim, que é melhor não fazer nada mesmo já que nunca será bom o suficiente. Neste tipo de comparação experimentaremos, muito provavelmente, angústia e paralização. E se não somos bons o suficiente, se não temos algo tão legal para oferecer ou contribuir o que será de nós?! Ficaremos sozinhos e isolados.


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Esse foi apenas um exemplo elaborado a partir da experiência de supervisão com psicólogos, especialmente aqueles em início de carreira. Porém, essa lógica pode ser aplicada a outras situações da vida em que nos comparamos de forma prejudicial: é o colega de trabalho que já foi promovido, é o amigo que está indo bem na profissão, a prima que se casou, a vizinha que já está com seu bebê nos braços, a amiga que está num relacionamento novo, a colega que possui uma família feliz e tantas outras circunstâncias de vida.


Como lidar com isso então?


Se eu disser para você “não se compare com os outros” apesar da intenção ser das melhores, isso não vai funcionar. O alvo não é tentar evitar a comparação, mas olhar para essa atitude com lucidez, coragem e compaixão buscando compreender os motivos que nos levam a isso, a serviço de que a comparação está e aonde é que ela nos leva. Quando a gente compreende tudo isso aumentam as chances de perceber a comparação acontecendo e retomar as rédeas da vida para honrar a nossa originalidade e autenticidade. Faz sentido?!


Gosto muito de recomendar para os meus pacientes o uso do Caderno de Psicoterapia que eu envio para que eles possam registrar as suas situações de vida, pensamentos, emoções e como reagem a tudo o que lhes acontece. Se você não está na psicoterapia experimente ter o seu caderno, um tipo de diário para colocar as suas reflexões buscando compreender em que áreas da vida você costuma de comparar mais, desde quando você vem se comportando assim, quais os pensamentos vêm a sua mente, como se sente, comporta e o que tem vontade de fazer quando percebe que está se comparando demais.


Pode ser que estas reflexões tragam luzes a você e ajudem a melhorar o seu autoconhecimento e sua tendência a comparação destrutiva. Porém, se você sentir dificuldades nesse processo considere buscar psicoterapia para ajudar. Ao longo de mais de dez anos de experiência, aprendi que cada ser humano carrega dentro de si uma imensa capacidade de renovação e que a psicoterapia é o abrigo seguro para que isso possa acontecer.


Comparar-se com os outros de maneira que isso traga angústia e infelicidade é uma atitude que pode ser mudada.


Espero que este texto tenha sido útil para ajudar você a refletir sobre a comparação e suas motivações e efeitos. Beijos e até a próxima!

 
 
 

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© 2025 por Dra. Kênia Resende. 

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